sexta-feira, 20 de abril de 2012

# BRASIL, MEU DESTINO

                                                 
                                                                                                       (foto:comunidadenews.com)
                                                                                                                   
Conviver e aceitar a indiferença e a discriminação de ricos contra pobres é bastante difícil principalmente para aqueles que sempre lutaram pela sobrevivência com muito sacrifício.
Jamais consegui entender porque seres humanos iguais se comportam de forma diferente com aqueles que não possuíam tanto dinheiro quanto eles.


Mesmo advertido pela minha saudosa mãe que não se incomodava com essas indiferenças, sobre aquelas pessoas que se julgavam donos do mundo, humilhando e tratando com indiferença a todos aqueles que não pertenciam aos seus níveis sociais, não concordava com essa hipocrisia. 
Na minha humilde concepção, isso era uma questão de discriminação, ocasionando a migração de pessoas que não se conformam viver em situações que são colocados como párias de uma sociedade.

A própria falta de distribuição de renda nesse país, levaram até famílias inteiras, a deixar o seu próprio país, muitas vezes até contra suas vontades.                                                                                    


Como milhares de pessoas, inconformadas em viver em um lugar com poucas oportunidades, optei sair em busca daquilo que acreditava e principalmente tentar provar para mim mesmo, que conseguiria alcançar patamares em minha vida, que se continuasse vivendo ali em minha terra de origem, jamais teria conseguindo ter a bagagem e a experiência de vida que acumulei ao longo destes 31 anos


Sempre tive em minha vida, três pilares básicos que nortearam meus caminhos: honestidade, responsabilidade e fidelidade aos princípios éticos, que fazem de todos que comungam destas três qualidades, o exercício da verdadeira cidadania e do respeito aos seres humanos.


Durante o decorrer de minha infância e adolescência aprendi que o caráter de uma pessoa tem que ser julgada por ela própria e que através de reflexões sobre o que acha certo ou errado poderá dar o veredicto final sobre o que deseja ser na vida.


Nunca tive grandes ambições de caráter econômico financeiro, se fosse esse meu interesse, jamais sairia do Espírito Santo com destino a qualquer outro estado brasileiro e sim, teria feito o percurso que milhares de brasileiros fizeram na década de 80 e 90 com destino aos EUA e a Europa, buscando uma vida melhor para si e seus familiares.


Decidi colocar o estado do Amazonas como destino em junho de 1980, porque sentia vontade de conhecer o meu próprio País e lutar em prol de irmãos brasileiros que viviam isolados do resto do País.
Manaus na cabeça de muitos brasileiros que habitam no Sudeste e Sul do Brasil, sempre foi um lugar envolto em lendas e mistérios amazônicos, não obstante a Zona Franca de Manaus, que foi implantada no final da década de 60 em regime político de opressão e perseguição política pelos militares, para socorrer a economia de um estado que não tinha mais como se manter e, incentivar brasileiros de outros estados do Brasil a compraram produtos importados de outros continentes dentro do seu próprio País, evitando que divisas brasileiras fortalecessem outras economias mundiais.


Para isso foi criado a ZFM e, não como alguns políticos regionais tentam apregoar, que a ZFM de Manaus havia sido criado para preservar a floresta amazônica, haja vista que quando ela foi criada, não existiam estas bandeiras de preservação da Amazônia, existia sim, um desejo dos militares na época de tornar a Amazônia um tesouro intocável para o povo brasileiro.
Quem é daquela época se lembra daquela campanha publicitária na década de 70 sobre esta região, com uma propaganda do governo militar, mostrando um trator desbravando selva adentro derrubando arvores para construção de estradas com o texto do locutor anunciando, ‘’Amazônia, desafio que unidos vamos vencer’’.


Só que poucos aceitaram este desafio de embrenhar dentro de uma das maiores florestas do mundo para mudar de vida, tendo migrado para outros Países, sem sequer sonharem que tesouros que buscavam, estava dentro do seu próprio País.


Escolhi Manaus como destino, porque em meu estado de origem, me questionava sempre que observava o mapa do Brasil, porque pouco se divulgava em outros estados da federação, sobre a cultura, os costumes e as tradições do povo amazonense? E porque o maior estado brasileiro em termos geográfico, não seduzia aos brasileiros que habitavam no Sul e Sudeste?  Estas indagações e o isolamento e mistério que envolvia tudo relacionado ao estado do Amazonas era um enigma a ser desvendado.


Passados 31 anos desde minha partida de Vitória para Manaus, tenho plena convicção que os mistérios e enigma sobre o Amazonas foram desvendados e, que hoje este estado apesar do isolamento territorial, já faz parte do cotidiano brasileiro e mesmo tendo uma inferioridade numérica de nossos parlamentares no Congresso Nacional, os representantes do povo amazonense no parlamento nacional conseguem se destacar no cenário político brasileiro, pelo grande conhecimento geopolítico desta região que desperta interesses intercontinental.


A visão que tenho hoje de Brasil é bastante ampla e o conhecimento adquirido aqui no Norte do País, se tornou uma grande bagagem de experiência para enfrentar qualquer situação.  
Combati o bom combate, onde tive a oportunidade em disputar como candidato, a três eleições: Vereador de Manaus em 1988, deputado federal em 1990 e a deputado estadual em 2002. Não obtive sufrágio suficiente para representar o povo, mas sem recursos financeiros, tive votos suficientes para não me envergonhar por ter sido candidato.


Ainda na vida pública em 1991, fui nomeado Assessor Especial do Gabinete do Governador do Amazonas, permanecendo neste cargo até janeiro de 1995.  Escrevi um livro e mantive uma Coluna de Cultura durante um ano e meio para divulgar todas as manifestações culturais no Amazonas.
Fui fundador e Diretor do Jornal O Solimões, durante cinco anos, onde prestei grandes serviços ao Estado e ao País, tendo sido condecorado como Membro Honorário da Força Aérea Brasileira e, fiz um trabalho voluntário ajudando indígenas nas demarcações de suas terras.


Recentemente assistindo um programa jornalístico em uma rede de televisão brasileira sobre a saga dos imigrantes brasileiros que em busca de uma vida melhor, deixaram o Brasil e aventuraram em vários países como: EUA, Canadá, Inglaterra, Espanha, Portugal, Japão, Austrália e etc., tendo esses imigrantes, vendido tudo o que tinha em seu Estado de origem e junto com suas famílias rumaram para lugares desenvolvidos, passando por todo tipo de privações e guiados por homens chamados coiotes, cuja função era levar migrantes de um país para outro, como nas fronteiras do México com os EUA, onde milhares de brasileiros corriam risco de vida ou de serem presos, humilhados e deportados, passaram por situações que jamais esquecerão.
 A Rede Globo de televisão, chegou até a exibir a novela América em horário nobre, mostrando o sofrimento dos brasileiros que deixavam o Brasil migravam para os EUA através da fronteira com o México.

Agora com a crise econômica nos EUA, Europa e Ásia fechando milhares de postos de trabalho, sem empregos e condições de sobreviverem naqueles países e com a melhora da economia brasileira oferecendo a todos que aqui habitam uma condição de vida melhor, os imigrantes brasileiros desiludidos pela desvalorização do dólar, euro e outra moedas, estão refazendo as malas e estão voltando para o seu país de origem a fim de recomeçarem suas vidas.

Um desses imigrantes que estava na Espanha há 30 anos, se surpreendeu ao encontrar amigos e parentes no Brasil, em melhores condições de vida que a dele, que havia trabalhado todos estes anos em um país estranho, não tendo conseguido lograr êxito em seus projetos de vida, ficou sem entender porque perdeu tanto tempo em um país estranho, quando sua condição de vida poderia ter melhorado muito se tivesse investido no seu próprio país, tudo aquilo que ele perdeu naquela aventura.

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